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Poesia, nunca mais

comecei a pintar lixo
em cores douradas como ouro
deixei de lado meus sonetos
poesia, nunca mais
não existe métrica, melodia ou prosódia
tão eloquente quanto minha nova arte
de iludir-lhes a mente, olhos e coração.

Mariana

Nem o perfume dos cabelos
pôde disfarçar as circunstâncias
o acre gosto de imoralidade

sufocado pela sensação de reexperimentar
calafrios caminhantes pela superfície da pele
em palavras balbuciadas ao ouvido

era pandora e também panaceia
dissimulada, reinventosa,
toda misteriosa

por trás daquela fechadura

Divina Serpente

- É sobre aquele livro que você não gosta nem de abrir. Que dissimula intenções mas lhe fere de igual maneira, tamanha a perversidade dos escritos. As páginas exalam veneno, doce e poético em cada palavra. Devo ser louco. Tornei-me ávido leitor de intoxicantes períodos e abraço, sem receio ou remorso, a serpente que me acolhe em peçonhas.