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carreira

pobre, mas jornalista.
pobre, mas vaidoso.
pobre, mas egocêntrico.
pobre homem.

coroa de lúcifer

enquanto voava minhas asas queimaram.
em queda percebi a cidade-miniatura
e as criaturas em sua pequenez
pessoas-
ego, lá de cima.
então,
ri.
ri dos que tinham poder.
e em celestial indigência,
fui consagrado o imediato-rei de todas as verminoses.

vocês.

curso em doze horas

de um céu alaranjado estourando a janela
vi a liberdade
entre formações de nuvens em cascata
vi a liberdade
e na espera pelo vento e a tempestade
vi a liberdade
assistindo estrelas e plantações na noite veloz
vi a liberdade
em minhas doses homeopáticas de vida.

tom terceiro (escarlate)

o toque. libertação.

nudez não é desejo.

sexo não é penetração.

prazer não é gozo.

a admiração não é visual,

a entrega não é afobada.

o amor não escraviza.

tom segundo (azul)

proximidade toma forma.

ares da beleza na intimidade.

em sua forma plena,

se desdobrando em paredes e cômodos.

da construção, física,

ao significado mais abstrato que possam ter cimento e tijolos.

o lugar.

roupas no chão.

música no quarto.

sorrisos.

brincadeiras.

teu teto. o véu.

uma janela aberta e o céu.

tom primeiro (a cor branca)

manhãs.

a luz estoura a exposição do quarto.

o incrível se retorce ao lado.

cabelos embaraçados no travesseiro.

pijamas surrados.

outro gesto de sono.

em sorrisos que antecedem o “bom dia”.

beleza canônica.

e a graça

- num despertar sem retoques.