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acordados-sonhos

enquanto nosso café não fica pronto...

desço-o-som da tv,
e assisto teu sono.

mergulho. acompanho.
sinto a respiração.
advenho. intrometo.
e acabo em acordados-sonhos. acordados sonhos-teus.

quando despertar,
será manhã.

terei você pulando em mim na cama, sorrindo.
dizendo que quer comer ou instalar a nova cortina.
usando um shortinho listrado e vestindo camisa branca,
com uma borrachinha preta no cabelo.

quando despertar,
será amanhã.

e o café vai estar na mesa.

crise em joão e maria

não há migalhas de pão na estrada.
e não sei o caminho. nunca soube.

se escrevo poesias,
ou trago cigarros
me afundo em pensamentos
e explodo internamente

o destino é um só:
a casa de doces é amarga
a jaula é muito real.

e é pelo que?
... dinheiro?

seu mesquinho. fraco. egocêntrico.

a que preço
a que preço
a que preço
a que preço
     padeço.

a cólera

a voz hesita. insinua na penumbra.
instiga/ o íntimo/ do instinto

devastadoras formas de entrega.

de joelhos
me faço servo, me faço escravo.
/vez a vez/
sou arrebatado.

por tua fome. tua ira. tua carne.
a pele adere atração
o suor derrama desejo
e a violência da química
termina em possessão
>>
pernas trêmulas
perversos sussurros
olhares maniqueístas
gemidos descompassados
devassas convulsões

/a cólera/

e então ela me tirou os olhos e cuidadosamente os guardou no bolso
dizendo que havia espaço na gaveta - onde já estava o coração -
e assim, vulneravelmente seguro, continuei a acompanhá-la.

posses

o mínimo que um homem pode querer pra si,
pra vida,
é um horizonte.

insolência

ela chega com o corpo ainda vivo
        d
        e
            c
            o
            m
       p
       o
   s
   i
         ç
         ã
         o
         atacando primeiro a cabeça.