chove uma chuva cenográfica
as gotas borram a maquiagem
e desenham no rosto lágrimas
os palhaços continuam sorrindo
dentro do choro de tinta
e dançam uma mímica melancólica
profundo chove na cidade teatro
chove chuva que cheira cherume
a boca com brasa disfarça
dos cuspidores de fogo o mal hálito da cachaça
as garças decolam dos rios
com as coladas asas de óleo
e aprendem a prisão que é voar ilusão
chuva de verdade, aqui, é realismo fantástico
no circo das lágrimas de plástico.
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